Se você acha que só pessoas podem ser consideradas inteligentes, prepare-se para mudar de opinião.
Proveniente das Cidades Inteligentes (Smart Cities), o conceito de Destinos Turísticos Inteligentes (vamos chamar, aqui, de DTI, para ficar mais fácil) provém da capacidade de cada destino de causar interações com os visitantes através de três pilares básicos: governança, tecnologia e desenvolvimento sustentável.
Contudo, um destino também pode clamar seu selo de “inteligência” caso também apresente espaços turísticos inovadores, gestão eficiente dos recursos, competitividade no setor turístico, qualidade das experiências e acessibilidade.
Afinal, o que faz com que um destino turístico seja, de fato, considerado inteligente é sua tecnologia de vanguarda, a sua possibilidade de olhar para o futuro e entender como as experiências do amanhã podem ser adaptadas para o hoje, para os turistas que o visitam agora.
Quais cidades podem ser consideradas DTIs?
Em 2017 a Secretaria de Turismo (Setur) de Minas Gerais fez uma pesquisa para tentar identificar se os – e quais – municípios mineiros trabalham o conceito de Destino Turístico Inteligente.
A conclusão foi que a maioria das secretarias municipais de turismo das cidades mineiras concorda que esse é um conceito importante, que deve ser tratado e disseminado, mas que ainda não é real e não se aplica à boa parte das cidades turísticas do estado.
Contudo, de acordo com o Sebrae, cidades da Estrada Real, como São João del Rei, Tiradentes e Carrancas, e da Região das Águas da Mantiqueira, como Baependi, Caxambu e São Lourenço, além do Serro (todas elas em Minas Gerais) já estão desenvolvendo iniciativas para serem consideradas, a longo prazo, em destinos turísticos inteligentes.
Ao todo, 41 projetos, em 16 estados brasileiros, foram iniciados em 2017 para que esse título possa ser real e oficial daqui a algum tempo.
Uma das maiores barreiras para que isso venha a acontecer é a tecnologia; ou melhor, a falta de. Quando olhamos em perspectiva, vemos que o principal pilar seguido pelas DTI é, justamente, o da tecnologia de vanguarda.
Algumas cidades, como Baltimore, nos Estados Unidos, utilizaram o conceito de open data, ou abertura de dados, para juntar o útil ao agradável e ser tecnologicamente percebida pelos seus turistas.
Através do projeto Baltimore Open Air é possível o monitoramento de variações climáticas na cidade, mas não apenas na questão da temperatura: umidade, ozônio e dióxido de nitrogênio são dados que podem ser obtidos através de sensores, chamados WeatherCubes, e enviados para as autoridades que podem melhorar as questões de meio ambiente. Isso, claro, acaba gerando uma experiência mais interessante para os turistas, que não sofrem tanto com a poluição do ar.
Outras cidades no mundo que se utilizam de open data para se tornar destinos turísticos inteligentes são Amberes, na Bélgica, que reporta obras rodoviárias e eventos nos bairros, tais como comemorações, para evitar que os motoristas encarem maior tráfego, e Kansas, nos Estados Unidos, que utilizam drones para fazer a segurança das ruas e reportar problemas com o tráfego.
Amsterdam, na Holanda, também informa o tráfego aos turistas – e não só em relação ao trânsito. Seu projeto piloto para DTI também fala sobre o número de visitantes nos museus em que o turista pretende ir e, caso as filas estejam enormes ou os museus lotados, o programa oferece passeios alternativos. Isso tudo sem que a pessoa precise checar de perto o status de cada atração que possa estar lotada…
Portanto, se sua cidade quer concorrer ao título de destino turístico inteligente, não se esqueça que, de todos os pilares necessários para receber esse diferencial, a tecnologia é um dos mais importantes, e fáceis, de se aplicar.
Você já teve alguma experiência interessante de interação entre tecnologia e turismo em alguma localidade? Conte aqui nos comentários e vamos continuar essa conversa.