Quem disse que para fazer bom turismo é preciso toneladas de dinheiro?
Iniciativas de comunidades pequenas, muitas vezes em locais de maior vulnerabilidade social ao redor do mundo, que conseguem criar projetos interessantes mesmo sem recurso, mostram que o investimento financeiro pode até ajudar – mas não é o que vai sacramentar a qualidade da promoção de um destino turístico.
A essas iniciativas damos o nome de Turismo de Base Comunitária, que compreende o desenvolvimento das comunidades pelo viés turístico através da promoção da história, cultura, ambiente e modo de vida dos nativos. Nessa modalidade, o turismo fica nas mãos da comunidade, que participa ativamente do planejamento das ações que vão trazer mais visitantes ao seu lugar.
O princípio básico do Turismo de Base Comunitária é a economia solidária, onde a produção, consumo e distribuição de riqueza não está pautada diretamente no dinheiro e na exploração, mas sim no ser humano e nas experiências que ele proporciona ou vive. As comunidades, então, não se organizam de maneira em que os fornecedores de turismo dentro dela irão competir por clientes, mas vão trabalhar juntas para fortalecer o grupo e encantar os turistas.
Sendo assim, o principal produto turístico de uma comunidade pode ser, sim, as paisagens e belezas naturais, mas não se resume a isso. Aliás, esse viés não é sequer prioritário. Aqui, está em destaque o modo de vida da comunidade, onde ela é a principal responsável por gerar experiências inesquecíveis e, dessa forma, conseguir maneiras de melhorar a economia local.
Como é feito o Turismo de Base Comunitária
A ideia do turismo de base comunitária é que a própria comunidade atue como proprietária, gestora e empreendedora de suas ações, administrando os resultados financeiros e humanos e planejando os próximos passos. O setor público e a iniciativa privada podem ser parceiros nesse desenvolvimento, mas a participação social é fundamental para o bom andamento da atividade.
É por isso que o Turismo Comunitário é tão rico, e vem chamando a atenção de gente de todas as partes do mundo: ele prova que, com organização e transparência, qualquer pessoa pode causar a valorização cultural devida de qualquer lugar do mundo.
Isso sem contar no quanto a própria comunidade se fortalece em sua identidade e no senso de grupo, de pertencimento. As pessoas que trabalham o turismo no quintal de casa aprendem lições valiosas, como a luta pelos direitos, conservação ambiental, relação de troca entre o mundo externo e interno e parceria com aqueles que vivem nas mesmas condições sociais e ambientais.
O público para essas ações é bem vasto: não tem idade, classe social ou sexo. Promover o Turismo de Base Comunitária de forma sustentável é um ato que vai atingir majoritariamente pessoas que querem viver novas experiências baseadas em realidades diferentes das suas, e fugindo do lugar comum do turismo.
Contudo, não se trata, apenas, de receber visitantes na comunidade: a população local vai, também, controlar todo o nível de experiência turística que essas pessoas terão, desde a maneira como serão tratadas até os valores que vão levar, do passeio, para a vida. Assim, o Turismo de Base Comunitária se espelha mais em viver um espaço do que, apenas, tirar fotos em sua fachada.
Bons exemplos de Turismo de Base Comunitária
Para que você entenda na prática esse conceito de turismo, separei três exemplos que ilustram bem algumas iniciativas.
O Mano Cambiada, da Colômbia, visa o desenvolvimento do ecoturismo nas redondezas de Nuquí, e tem a comunidade local como principal estrela das dinâmicas de turismo. O projeto não tem fins lucrativos e visa a integração social dos habitantes desse paraíso às margens do oceano Pacífico.
Já o Bagagem é uma ONG brasileira que tem como foco o fomento turístico de bases comunitárias, através de viagens solidárias e experiências compartilhadas. O projeto nasceu em 2002 auxiliando na promoção de turismo em comunidades da Amazônia, mas já se expandiu para outras localidades do país e, hoje, tem como destaque as ações em Chapada Diamantina (BA) e Paraty (RJ).
Por fim, ainda no Brasil, a Rede Tucum realiza Turismo Comunitário no estado do Ceará, visando o fortalecimento social, cultural e natural das populações locais, aliado à justiça ambiental. Na rede, as comunidades garantem seu território e tem controle efetivo do desenvolvimento turístico e econômico das terras que possuem.
Você já participou ou conhece alguma iniciativa que não pode faltar nessa lista? Deixe nos comentários e vamos continuar falando dessa maravilhosa experiência turística.