Quando alguém viaja tudo o que quer é criar boas lembranças, conhecer lugares incríveis, ser recebido com carinho e não ser tratado de forma ríspida. E, para o público LGBT, não é diferente. Por que seria?
Quem se insere nesse mercado deve buscar oferecer um atendimento em que o cliente se sinta valorizado e satisfeito. De acordo com o Sebrae, o turismo LGBT cresce mais que o dobro do turismo geral.
Para ganhar a atenção da comunidade LGBT, o Brasil deve ficar atento. Na América Latina o país tem o maior potencial de crescimento para esse público, tendo o Rio de Janeiro como destino turístico mais escolhido. Entretanto, ainda é preciso trabalhar mais e melhorar para receber os turistas LGBT.
Para superar os desafios de atender esse público é necessário cuidado para não colocar os clientes em situações desagradáveis e constrangedoras, o que estraga a experiência de qualquer pessoa em viagem.
Oferecer serviços específicos pode resultar bons negócios, tais como lua de mel, cruzeiros marítimos, eventos esportivos, paradas e festas temáticas. É importante, também, aplicar boas práticas: capacitação da equipe e criação de estratégia de marketing, além trabalhar com fornecedores que conhecem o público e estejam envolvidos com ele.
A atenção à diversidade começa em casa. Ganhar pink money – expressão utilizada para descrever o dinheiro gasto pelo público LGBT – não é fácil para as empresas que não conseguem conquistar seu espaço dentro desse contexto.
Perfil do consumidor LGBT
Ainda de acordo com um estudo do Sebrae, 89% do público LGBT completou o ensino superior e viaja aproximadamente quatro vezes no ano, sendo que em torno de 45% dessas pessoas viajam para o exterior pelo menos uma vez, enquanto a média nacional é de 9%.
Eles também gastam 30% a mais que o público em geral. Enquanto 87% procura agências especializadas, a média nacional é de apenas 42%. Por tudo isso é necessário se preparar para conquistar esse mercado.
Ao trabalhar com o público LGBT é indispensável observar os destinos que são gay-friendly, ou seja, que se equipam de hotéis, bares e restaurantes preparados para recebê-lo. As empresas do setor hoteleiro não precisam oferecer locais específicos para o público LGBT, mas é preciso ser receptivo e entender o perfil do cliente sem causar situações constrangedoras. Perguntar a um casal se o quarto para duas pessoas deve ser equipado com camas de solteiro e se surpreender quando a resposta é “não”, por exemplo, é uma delas.
Além da parada gay, outros eventos culturais, como exposições de arte e festivais de música e cinema, podem ser preparados para o pink money. Alguns eventos esportivos preparados especialmente para o público LGBT atraem participantes de todos os cantos do país, como a Taça Hornet de Futebol da Diversidade em São Paulo.
Destaque no cenário mundial, o Gay Games, criado em 1982 em São Francisco para combater o ódio e a discriminação, se tornou o maior evento cultural e esportivo dos Estados Unidos. Muitos dos participantes são de países onde a homossexualidade é considerada crime e, portanto, é reprimida.
Dicas para atrair o público LGBT
Ao entrar nesse mercado é importante ficar atento a algumas situações, como, por exemplo, fazer parcerias com os setores envolvidos com o público LGBT que podem resultar em bons negócios e atrair viajantes para a região.
Também é fundamental ter no quadro de funcionários pessoas que recebem os consumidores de maneira espontânea e cordial, bem como pensar estratégias e campanhas voltadas especificamente para esse público. Oferecer acomodações personalizadas é sempre uma boa ideia.
O mais importante é não adotar um discurso falso apenas para atrair a comunidade. A empresa precisa realmente respeitar o movimento e apresentar práticas de valorização e respeito aos LGBTs.
Ao abrir as portas da sua empresa para a população LGBT tenha a orientação de consultorias especializadas nesse nicho. Posicione-se publicamente sobre seu negócio, deixando claro que ele é gay-friendly. Sempre que possível, promova e/ou apoie eventos e instituições do segmento.
Destinos gay-friendly no mundo
São Paulo recebe todo ano a maior Parada LGBT do mundo. Além disso, a cidade tem diversos pontos especiais para receber o público. São hotéis, bares, restaurantes e até o Museu da Diversidade Sexual, que oferece uma programação cultural incrível aos visitantes.
Não bastasse toda a beleza da cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro recebe de braços abertos a comunidade LGBT. A metrópole oferece opções de turismo que ultrapassam os limites da Parada LGBT e do carnaval.
Outro lugar no Brasil preparado para receber o público LGBT é Florianópolis, se destacando como um dos principais destinos para esse grupo. Quem vai à ilha tem passeios para todos os gostos e ritmos. Do ecoturismo às baladas, Floripa oferece mais de cem praias, com destaque para Praia Mole, onde rolam as baladas do Bar do Deca, a praia de nudismo Gadelha e Jurerê Internacional.
Na Região Nordeste o destaque é Recife. Com seus 482 anos, a capital pernambucana tem sido a escolha do público LGBT para se divertir, que têm na Praia da Boa Viagem e na Praça do Arsenal dois pontos de encontros certos.
Para aqueles que gostam de ir mais longe, o que não faltam são opções de destino. Quando o assunto é gay-friendly, a cidade de Copenhague, na Dinamarca, aparece no topo da lista. Mas esse título não caiu do céu: em 1989 o país foi o primeiro no mundo a reconhecer oficialmente a união entre pessoas do mesmo sexo.
Na cidade também se encontra o bar mais antigo da Europa voltado para o público LGBT, fundado em 1950. O país trabalha há anos com iniciativas governamentais e privadas.
O mesmo pode se dizer da Nova Zelândia. Lá, comunidade, empresas e governo adotam iniciativas para oferecer aos LGBT a melhor experiência possível enquanto estiverem no país. Um exemplo é o selo Gay/Lesbian Friendly, do qual o país foi pioneiro.
Voltando ao velho continente, Berlim, na Alemanha, se orgulha de ser uma cidade inclusiva desde os anos 1920, quando, ainda naquela época, já tinha espaços voltados para o público LGBT.
Nos Estados Unidos, Nova Iorque se tornou uma referência na luta pelos direitos homossexuais nos anos 1960. A cidade tem inúmeros pontos que são referências para a comunidade e oferece muitas acomodações gay-friendly.
O Uruguai se destaca como um dos países latino-americano mais progressistas nessa questão. Desde 1934 a homossexualidade deixou de ser considerada crime e, em 2013, o Uruguai se tornou o segundo país latino a reconhecer legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os exemplos de destino gay-friendly espalhados pelo mundo mostram que, para ser destaque hoje, a inclusão começou há muitos anos. Além das pessoas diretamente ligadas ao turismo, outros setores da sociedade devem se envolver para tornar o país uma referência em respeito à diversidade.
Com tanto potencial de crescimento nesse nicho de mercado, o Brasil ainda tem muitas oportunidades a serem exploradas. O público é exigente e sabe o que quer. Por isso, empreendedores e governo devem, juntos, trabalhar para tornar o país um modelo de boa arrecadação em pink money.
O que seu negócio pode fazer para contribuir e conquistar essa posição? Em contrapartida, o que o governo pode fazer para melhorar essa perspectiva? Deixe sua opinião nos comentários.