Por muitos anos viajar em longas distâncias foi uma atividade de elite: só quem tinha muito dinheiro poderia conhecer novos lugares e viver experiências diversificadas de lazer. Hoje, o cenário é bem diferente, e muito disso a gente deve à tecnologia.
Afinal, desde o começo, é ela quem vem revolucionando a maneira com que empresas e consumidores se relacionem no mercado turístico, a começar pelos aviões: com o avanço das aeronaves e dos sistemas de compra e venda de voos, dentre outros itens inerentes a esse mercado, a população passou a ter acesso a essa modalidade de transporte – e a cada dia com valores mais baratos. As empresas low cost estão aí para provar que o avanço tecnológico pode significar, também, o avanço social, e promover experiências a todos que, antes, só poderiam ver coisas novas através das fotos de viagens de outras pessoas.
Acesso democrático e troca cultural
É claro que o dinheiro ainda manda muito no setor turístico; afinal, não existe almoço grátis em nenhuma área. Contudo, a tecnologia promove acesso de fatias da população a oportunidades de viagem que era, a até pouco tempo, impensável para elas.
Tudo isso graças a novas formas e sistemas de trocar produtos e serviços que, com viés bem tecnológico, permitem experiências cada vez mais aprofundadas de vivência nos destinos escolhidos.
Há alguns anos surgiu na internet o Couchsurfing, modalidade de hospedagem para unir quem queria se hospedar de graça durante uma viagem e quem tinha meios para isso. Assim, uma pessoa podia ficar na casa da outra por alguns dias, sem pagar por isso, mas ajudando em alguma tarefa da casa, como fazer a faxina.
Essa novidade abriu portas para o que hoje é o AirBNB, a maior rede de hospedagem do mundo que não tem sequer um leito para chamar de seu. Nessa plataforma, pessoas do mundo inteiro oferecem quartos e até casas inteiras a um valor de locação muitas vezes mais acessível do que nos hotéis, por exemplo, permitindo uma grande economia nesse item de viagem.
Além disso, ao ganhar hóspedes – que vão avaliar o serviço dentro da plataforma –, os anfitriões podem ofertar dicas locais exclusivas, com passeios que não vão ser ofertados em agências de turismo, pois só um nativo saberia que ele existe.
Esse tipo de troca cultural é extremamente rico e vai de encontro com o que os turistas de hoje procuram: experiência, ao invés de ostentação.
Viajar sem dinheiro é possível
Graças à tecnologia, que permite concentrar em pontos específicos ofertas, demandas e formas alternativas de pagamento por elas (como a troca de serviços, por exemplo), hoje é possível até viajar sem ter muito dinheiro.
Um exemplo é o Free Walking Tour, ou passeio gratuito a pé, disponibilizado por agências especializadas em várias partes do mundo. Nele, condutores locais se disponibilizam a passear a pé pela cidade com grupos de turistas que, ao fim do evento, optam por dar alguma gorjeta, no valor que quiserem, ou simplesmente não pagar nada pelo serviço.
Assim, ao invés de pagar caro por passeios em pontos turísticos, cada um pode escolher quanto pagar de acordo com a sua satisfação pessoal sobre o serviço prestado.
Por fim, outra possibilidade que a tecnologia traz é a acessibilidade a lugares legais a quem tem necessidades especiais de locomoção, além de quebrar muitas barreiras da língua: existem aplicativos que auxiliam a visita a museus – como o app Visita Guiada, que oferece visita guiada para visitantes de museus e centros culturais do Rio de Janeiro, incluindo usuários surdos-mudos e cegos. Há aplicativo que ajuda na leitura de cardápios em restaurantes também, como o Be My Eyes, que também lê outros produtos e placas para deficientes visuais.
Sem a tecnologia, isso seria impossível – e viajar ainda seria um sonho longe de ser realizado.