O setor hoteleiro – que inclui as startups de hospedagem – foi um dos grandes prejudicados na pandemia. Com o fechamento das cidades, quem se arriscaria a viajar?
O cancelamento de eventos e pacotes turísticos foi um balde de água fria nos hotéis, pousadas, casas de temporada e resorts. Serviços de hospedagem, no geral, foram esvaziados, provocando uma crise nunca antes imaginada.
É verdade que alguns estabelecimentos estavam funcionando com reserva mínima, até porque alguns setores da economia não pararam. Mas muitos hotéis não suportaram a crise e encerraram de vez as atividades.
E como ficam as startups de hospedagem nessa história?
As startups de hospedagem fazem parte de um setor de negócio voltado a facilitar a hospedagem de turistas em casas e apartamentos de terceiros. Geralmente, as opções são mais baratas que hotéis e pousadas e servem aos mais diversos propósitos: aluguel de temporada, permuta de residência, reservas de diárias, entre outros.
O ano de 2019 foi bem promissor para o setor. Só para se ter uma ideia, a maior startup de hospedagem do mundo, Airbnb registrou crescimento em todo o globo. No Brasil, o destaque foi para o aumento de 50% no número de hóspedes no Rio de Janeiro durante o Rock in Rio, em setembro e outubro do ano passado.
Esse poderia ser um sinal de boas expectativas para 2020 no setor de turismo e, em especial, das plataformas de hospedagem.
Mas a chegada do novo coronavírus mudou tudo. E a rota, até então promissora, mudou um pouco o seu caminho, provocando reflexos em vários setores da economia.
Startups de hospedagem perdem espaço na Irlanda
Em Dublin, na Irlanda, o mercado imobiliário sempre foi competitivo. As filas de visita a imóveis para aluguel eram bem comuns na cidade, que é um dos destinos europeus mais desejados por intercambistas. Nesse cenário, inquilinos aguardavam ávidos pelo fim do que eles mesmo chamavam de “busca interminável” de um cantinho para morar.
No entanto, boa parte do mercado de hospedagem na cidade era ofertado online através do Airbnb. Ou seja, apenas para contratos de curta temporada – exatamente o tipo de ocupação que foi atingida em cheio pela rota de 2020.
Por conta da evasão de turistas estrangeiros, houve aumento de oferta de imóveis para aluguel na capital da Irlanda, com transações feitas por corretores regulares, sem a intermediação da plataforma.
Enquanto o Airbnb estuda formas de se reorganizar na Irlanda, a cidade de Dublin respira aliviada: nos últimos dez anos, os aluguéis dispararam e deixaram muitas pessoas com dificuldade de arranjar um lugar para morar.
Isso ocorria porque, durante anos, as casas alugadas para estadias de curto prazo pela Airbnb sugavam o fornecimento do mercado, passando de 1700 ofertas em 2016 para 4.500 até o início de 2020. A startup de hospedagem basicamente agregava em sua rede boa parte dos imóveis disponíveis em Dublin.
Com o isolamento social, o quadro se inverteu. As ofertas de aluguel a longo prazo tiveram aumento de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso acende o sinal vermelho e traz às plataformas de hospedagem a necessidade de pensar no futuro de forma cada vez mais inovadora.
Afinal, restrições consequentes de 2020 ainda vão durar algum tempo, no mundo todo.
Reserva de hotel para algumas horas: nova demanda de mercado
Se, por um lado, a crise impacta negativamente o turismo, por outro pudemos ver empresas que souberam aproveitar esses reflexos para inovar e, claro, ganhar dinheiro.
Observando todo esse cenário de isolamento, a startup Globe teve a ideia de criar uma plataforma em que o usuário pode reservar um quarto ou um apartamento por apenas algumas horas – ou até minutos.
Analisando esse período de confinamento, especialistas viram que muitas pessoas estavam literalmente trancadas em casa, estressadas e à beira de um ataque de nervos. O aluguel de um quarto por poucas horas é uma forma real de relaxar em um local diferente, e seguro (já que cumprem às exigências de saúde), sem precisar pagar uma diária completa.
A ideia tem feito sucesso. Até junho desse ano, a plataforma atingiu o número de 5,5 mil anfitriões e 10 mil usuários com acesso às ofertas da Globe. Mais outras 10 mil pessoas esperam a chance de utilizar o aplicativo.
Com o final do ano se aproximando, quais as suas perspectivas para o turismo e seus reflexos nas startups de hospedagem? Deixe seu comentário.