Com o problema do coronavírus, declarado pela OMS no início de março como uma pandemia, tudo tem tem sido, invariavelmente, impactado. A principal medida para achatar a curva de contaminação pelo vírus é o distanciamento social. Por esse e outros fatores, os eventos regionais e mundiais tem sido cancelados ou adiados. Não foi diferente com as Olimpíadas 2020, programadas para ocorrer em Tóquio.
Em uma decisão sem precedentes na história moderna dos jogos olímpicos, o ciclo de quatro anos entre eles foram adiados. Em 2016, o pedido de adiamento por causa do surto de zika não foi atendido. As únicas mudanças de data no ciclo olímpico foram na Primeira e na Segunda Guerra.
Vemos a história se escrever de várias formas, e a do esporte também está ganhando novos contornos: graças ao COVID-19, as olimpíadas vão ser realizadas apenas em 2021. Essa decisão, obviamente, impacta o turismo, mas também gera um efeito rebote nos atletas. Preparando-se para competir esse ano, todos eles vão ter que adaptar a rotina para continuarem esportivamente relevantes no ano que vem.
O cenário, contudo, não pede menos do que tem sido feito. Diante de uma situação alarmante, manter as datas das Olimpíadas para este ano poderia ser catastrófico. Por isso, as decisões em relação aos adiamentos, deste e tantos outros eventos, são necessárias e responsáveis. Ainda assim, tudo isso configura uma situação bastante singular.
O que muda para Tóquio?
O Comitê Olímpico Internacional estabeleceu novas datas para as Olimpíadas. Agora, os jogos vão começar no dia 23 de julho de 2021 e terminar em 8 de agosto do mesmo ano. O novo calendário foi priorizado para não enfrentar concorrência com outros esportes, como os campeonatos de futebol e basquete, sobrecarregando as ligas nacionais, os atletas e o próprio público.
Além desse fator, o Comitê Olímpico também levou em consideração a capacidade de outros países de superar a crise econômica e social que vão acompanhar o mundo pós-coronavírus. Afinal, o evento Olimpíadas é o maior evento esportivo do planeta – e conta bastante com o setor turístico de todas as partes do globo. Por isso, não basta só o Japão superar a doença e suas consequências.
No final de 2019, Tóquio divulgou o orçamento do evento: foram gastos aproximadamente 12,6 bilhões de dólares na organização dos jogos olímpicos. Por isso, o questionamento permanente, diante desse contexto, é em relação ao que muda para a cidade com o adiamento compulsório. Como fica o turismo e os investimentos para o evento?
Os números são bastante altos. Os japoneses previram, para 2020, um efeito econômico positivo de 3,2 trilhões de ienes, a moeda oficial do Japão. Com as cotas de patrocínio, por exemplo, as empresas japonesas gastaram mais de 3 bilhões de euros. No Brasil, a TV Globo cobra quase 100 milhões de reais por uma cota de patrocínio.
Além disso, no turismo, as empresas aéreas e os hotéis também tinham grandes expectativas com as Olimpíadas, recebendo investimentos de milhões de dólares pelo aumento da demanda durante o evento. Desse modo, o adiamento gera uma queda significativa no setor e impede o impacto positivo na economia, previsto anteriormente.
Novos horizontes das Olimpíadas 2020
O professor da Universidade de Kansai, especialista em economia do esporte, Katsuhiro Miyamoto, concluiu, em meados de março, que o dano econômico da mudança de data gira em torno de 640,8 bilhões de ienes. Trata-se de um número bem menor do que o dano por um cancelamento, cerca de 4,5 trilhões de ienes. E, ainda, deve-se considerar que serão necessários novos gastos com a nova data.
Com esse cenário, economistas da SMBC Nikko Securities previram que o adiamento terá um impacto negativo de 5,5 bilhões de euros no PIB japonês. É inegável o abalo. Ainda assim, por se tratar justamente de um adiamento, e não de um cancelamento completo, ainda há como correr atrás do prejuízo.
Em conclusão, resta pensar nos aspectos positivos. O Japão dedicou atenção especial aos Jogos Olímpicos e, com o adiamento, o governo pode dirigir sua atenção para a contenção do COVID-19.
Tratando dessa forma, o evento terá plenas condições para acontecer dentro da nova data – e poderá ser uma grande demonstração de que o mundo, enfim, superou o vírus.
O que você pensa sobre o adiamento das Olimpíadas? Um ano será suficiente para todos os países se recuperarem e o turismo voltar ao normal? Deixe um comentário para continuarmos essa conversa.